Resulta de uma proliferação incontrolável de células anormais, que surgem em função de alterações genéticas, sejam elas hereditárias ou adquiridas por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos. As alterações genéticas podem provocar mudanças no crescimento celular ou na morte celular programada, levando ao surgimento do tumor.
Considerado problema de saúde pública, o câncer de mama é um grupo heterogêneo de doenças, que se manifesta pelas diferentes apresentações clínicas e morfológicas, variadas assinaturas genéticas e consequente variação nas respostas terapêuticas.
O processo de carcinogênese é, em geral, lento, podendo levar vários anos para que uma célula prolifere e dê origem a um tumor palpável. Apresenta os seguintes estágios:
- Iniciação: fase em que os genes sofrem ação de fatores cancerígenos;
- Promoção: fase em que os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada;
- Progressão: caracterizada pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula.
Tipos de Lesões
- Neoplasias lobulares são lesões não invasivas, localizadas ou extensas, que comprometem a unidade lobular e podem disseminar-se para os ductos. Recentemente reconhecidas como lesões precursoras, as neoplasias lobulares constituem achados incidentais de biópsias da mama, tendem à multicentricidade e à bilateralidade.
- Carcinoma ductal in situ é uma proliferação epitelial neoplásica intraductal que respeita a barreira da membrana basal. São classificados de baixo e alto grau, considerando o volume nuclear, a distribuição da cromatina e as características dos nucléolos. Tal classificação representa o grau de agressividade da lesão.
- Doença de Paget é um tumor raro que representa 0,5% a 4% das patologias malignas da mama, provoca prurido no complexo areolopapilar e apresenta-se inicialmente como um eritema e espessamento cutâneo, evoluindo para uma erosão cutânea eczematoide ou exudativa. 97% das pacientes portadoras dessa patologia apresentam um carcinoma subjacente. Nos casos subclínicos, o diagnóstico é feito por meio de exame histopatológico do complexo areolopapilar.
- Carcinoma invasivo da mama constitui um grupo de tumores epiteliais malignos que transpassam a membrana basal da unidade ductotubular terminal, invade o estroma e tem potencial para produzir metástases.
- Carcinoma ductal infiltrante é o tipo mais prevalente, com vários subtipos histopatológicos, alguns particularmente relacionados a um melhor prognóstico como os medulares, os mucinosos e os tubulares. Os linfomas, sarcomas e melanomas, embora raros, porém de pior prognóstico, podem ocorrer na mama.
Epidemiologia
O câncer de mama é o mais incidente em mulheres, representando 23% do total de casos de câncer no mundo e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres. No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama também é o mais incidente em mulheres de todas as regiões, exceto na Região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa a primeira posição, segundo o INCA.Fatores de Risco
Os principais fatores de risco conhecidos estão ligados à idade, aos fatores genéticos e aos endócrinos.
- Idade (O mais importante fator de risco para o câncer de mama, cerca de 70 a 80% dos tumores são diagnosticados a partir dos 50 anos de idade);
- Obesidade (principalmente quando o aumento de peso se dá após a menopausa)
- Menarca precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos)
- Nuliparidade
- Menopausa tardia (instalada após os 50 anos de idade)
- Ingestão regular de álcool (mesmo que em quantidade moderada – 30g/dia)
- Sedentarismo
- Historia familiar (predisposição genética corresponde cerca de 5 a 10% do total de casos)
Segundo o “Documento de Consenso do Câncer de Mama” de 2004, são definidos como grupos populacionais com risco muito elevado para o desenvolvimento do câncer de mama:
- Mulheres com história familiar de, pelo menos, um parente de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com diagnóstico de câncer de mama, abaixo dos 50 anos de idade.
- Mulheres com história familiar de pelo menos um parente de primeiro grau com diagnóstico de câncer de mama bilateral ou câncer de ovário, em qualquer faixa etária.
- Mulheres com história familiar de câncer de mama masculino.
- Mulheres com diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ. Esse grupo representa cerca de 1% da população, devendo ser acompanhado com um olhar diferenciado, com indicação para rastreamento anual.
Fonte:
Caderno de Controle de Canceres do Colo do Útero e da Mama
INCA - Instituto Nacional de Câncer